Com parques e bolos se enganam…
… os mafrenses, que tanto respeito e não tomo como tolos. Mas não pensamos todos o mesmo.
O ano de 2017 foi especialmente profícuo em matéria de festas, alcatrão e obras (talvez não muito) desejadas, entre as quais destaco os afamados parques intergeracionais. Em qualquer recanto, tal como cogumelos, iam surgindo. Coincidentemente e inesperadamente, foi ano de eleições autárquicas.
Como explica a fábula da cigarra e da formiga, é no verão que se prepara o inverno e o caminho para as Autárquicas 2021 vai sendo traçado. Enquanto a formiga assina contratos e faz uns ajustes, a cigarra prepara-se para cantar: podemos esperar uma ronda de inagurações a começar lá pelo final do próximo ano.
Conforme foi noticiado pelo Jornal de Mafra a 30 de julho, foi assinado um novo contrato para construção e fornecimento de equipamentos de parques infantis, de fitness e de lazer. O que é que isto nos lembra? Parques intergeracionais! Inovação, um dos pilares do mandato. Mantém-se. Agora os cogumelos nascerão na Ericeira, Carvoeira e Charneca.
Pergunto: sou só eu que vejo as imagens que têm circulado nas redes sociais, publicadas por moradores de diferentes localidades, que mostram o verdadeiro abandono em que se encontram alguns parques infantis no concelho de Mafra? Pessoalmente, vi os parques infantis da Lagoa (Santo Isidoro) e de Fonte Boa da Brincosa (Carvoeira) – para concretizar -, mas mais são os que não se encontram em condições de usufruto.
Teria sido uma boa ideia, antes de investir na construção de novos parques, pensar sobre os existentes? Continuam todos a fazer sentido? Cumprem as exigentes normas de segurança? Oferecem pavimentos confortáveis? Estão limpos ou têm ervas de tal altura que as crianças se podem esconder? Os equipamentos recreativos estão em bom estado de conservação? Não há um perigo aumentado de quedas e acidentes? E onde se vão construir novos parques infantis: quem os pediu? Quantas crianças vão servir? Quantas crianças utilizam os já existentes?
Dizia um socialista que as obras falam por si (e o que aconteceu depois?).
A forma como o dinheiro público é gasto ou aplicado tem muito que se lhe diga, especialmente no processo de decisão e de participação de quem elege. Orçamento participativo, apresentação e discussão de projetos com a população, auscultação prévia e real da população, inquéritos à população residente ou que usufrui dos serviços/equipamentos… O poder autárquico tem que ser mais participativo. Dar voz a quem elege!
Pode ler (aqui) todos os artigos de Leila Alexandre
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